Richter Frank-Jurge, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons
Ricardo Salgado, ex-líder do Banco Espírito Santo (BES), enfrenta um diagnóstico confirmado de Alzheimer, revelam peritos independentes em um extenso relatório médico.
O ex-banqueiro, conhecido como o ‘Dono Disto Tudo’, agora está no segundo estágio mais grave da doença, dependendo de assistência para atividades básicas. Este diagnóstico levanta preocupações sobre sua capacidade de prestar depoimento nos diversos processos judiciais em que está envolvido, incluindo a Operação Marquês, o caso BES e o processo EDP.
O relatório, elaborado por um psiquiatra, um neurologista e um neuropsicólogo, descreve a deterioração gradual de Salgado desde 2015, quando os primeiros sintomas de demência surgiram. Salgado deixou de conduzir há dois anos, já se perdeu em locais familiares e não sai sozinho de casa há um ano. O seu estado atual inclui a dependência de terceiros para várias atividades e a incapacidade de lidar eficazmente com aparelhos eletrônicos.
A perícia confirma as alegações anteriores da defesa de Salgado, indicando que as suas declarações em tribunal podem estar comprometidas devido à doença. A sua esposa, Maria João Salgado, revela que ele não colabora mais com os advogados e está desinteressado dos processos judiciais. Esta situação coloca em dúvida a continuidade da sua participação nos processos legais.
Ricardo Salgado, que liderou o BES por quase duas décadas, deixou o cargo em 2014 e foi detido no mesmo ano. Desde então, a sua trajetória tem sido marcada por desafios legais, incluindo a prisão domiciliária por quatro meses. Atualmente, a sua condição de saúde levanta questões sobre o seu entendimento do mundo em redor, como evidenciado por confusões sobre eventos recentes, incluindo a situação em Gaza.
O estado de Ricardo Salgado, agora diagnosticado com Alzheimer, destaca a urgência de reavaliar a sua participação nos processos judiciais em curso. A confirmação médica lança luz sobre os desafios que ele enfrenta diariamente e suscita preocupações sobre a continuidade e a validade de suas declarações em tribunal.
O que isto significará para os processos judiciais e para aqueles, que foram lesados aquando da queda do BES, apenas podemos especular, mas não será irrealista imaginar que os julgamentos não levarão a lado nenhum, já que a testemunha principal está incapaz de comparecer em tribunal.