Os EUA e o fantasma da divida

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Há mais um banco norte-americano a fechar portas. Os depósitos estão protegidos, mas os acionistas ficam sem nada. First Republic: a segunda maior falência de sempre de um banco nos EUA.

As recentes falências bancárias nos Estados Unidos, que começaram com o SVB (Silicon Valley Bank) e que tem afetado o setor da banca, tanto nos EUA, como na Europa têm feito ondas de choque um pouco por todo o globo.

Estas ondas de falência de bancos, têm vindo a lançar o pânico entre os investidores institucionais e a desviar a atenção de um problema bem mais grave. Os E.U.A. estão à beira da falência.

Os EUA atingiram o limite da dívida. O que acontece agora?
Qualquer solução para o problema passa pelo Congresso, que, na nova legislatura, tem os republicanos no controle da Câmara, e eles prometeram uma luta dura para aprovar um aumento ou suspensão do teto da dívida

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos já tinha anunciado, dia 19 de janeiro, que tinha começado a tomar medidas para evitar o descumprimento de pagamento da dívida do governo, enquanto o Congresso caminha para um enfrentamento de alto risco entre democratas e republicanos pelo aumento do teto de endividamento.

O problema reside no fato, de que após cerca de 6 meses, e aproximando-se a data limite para a resolução do problema, em que os Estados Unidos simplesmente vão falhar os pagamentos de divida se situa próxima do dia 1 de junho. As recentes falências no setor bancário que obrigaram o governo federal a intervir e garantir os depósitos apenas ajudaram a exacerbar o problema.

A maior economia do mundo poderia enfrentar uma grave perturbação, com os republicanos da oposição ameaçando rechaçar uma elevação do teto legal de endividamento, o que poderia empurrar os Estados Unidos para o ‘default’.

Os republicanos de extrema direita, que agora exercem poder significativo sobre a estreita maioria do partido na Câmara dos Representantes, querem que o presidente Joe Biden aceite reduzir o gasto público.

Eles argumentam que são necessários cortes radicais para reduzir o endividamento, que o Congresso geralmente concorda em aumentar a cada ano, elevando o chamado teto de dívida.

Mas a Casa Branca disse que esses cortes afetariam programas-chave de gastos militares e de seguridade social, ou levariam a novos impostos importantes.

A Casa Branca também prometeu que Biden não negociaria com os republicanos da linha dura dada a sua oposição “arriscada e perigosa” a aumentar o teto da dívida.

Estes problemas, acontecem, porque o sistema de endividamento americano é diferente do Europeu. Nos EUA, existe um limite legal, imposto à divida que o governo pode contrair. Essa divida situa-se agora, perto dos 105% do PIB (em Portugal é de 115%), o que não é necessariamente perigoso.

No entanto, dadas as particularidades dos EUA, é necessário que o Congresso, aprove um aumento do limite da divida, ou que imponha cortes em certos gastos, o que geralmente leva a negociações entre Democratas e Republicanos. Vão ser necessárias cedências de parte a parte, mas creio que os EUA não vão falhar pagamentos, devido ao fato de que isso abalaria a confiança de todo o sistema monetário mundial e colocaria os EUA numa situação em que não seriam mais o “motor económico” do mundo e reduziriam a sua influência mundial.

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