Creio que estamos à beira de uma nova crise financeira. A recente falência do SVB e por arrasto do Credite Suisse, mais não são do que os primeiros sinais do inicio de uma (nova) crise financeira.
Como aqueles, que leem os meus artigos, há mais tempo saberão, foi na edição nº 305 de 9 de dezembro de 2021 do Praça Alta, que referi a Tempestade Económica Perfeita que se estava a formar. Nesse artigo, alertei para os riscos de uma inflação (na altura a mesma estava em 4%) e de que poderíamos ter de seguida uma crise no setor bancário.
A inflação, essa já apareceu, e estamos agora a ver o inicio de uma crise. Não era preciso, ter prestado muita atenção às noticias, nem perceber muito de economia, para compreender, que as economias mundiais e os bancos centrais, não podiam continuar a emitir dinheiro indiscriminadamente. Era preciso haver reformas estruturais, mas essas tardam em vir.
O BCE, é o grande culpado das dificuldades dos bancos europeus. Além de lhes ter permitido ter acesso a dinheiro barato, durante muitos anos, não acautelou o que seria previsível de acontecer, que era uma rápida subida dos juros. Agora que a maré (monetária baixou) é que veremos quem anda a nadar nu.
A grande maioria dos bancos contraiu empréstimos, para manter o ratio de capital próprio em níveis saudáveis, através de Obrigações AT1, as mesmas que agora servem para pagar a insolvência do Credite Suisse. Se, nos casos em que os juros estão baixos, as obrigações são facilmente convertíveis em dinheiro, devido aos elevados juros que costumam pagar, numa situação como a atual, em que os juros estão elevados, essas mesmas obrigações são mais difíceis de converter em dinheiro, já que os juros pagos são agora muito menos atrativos. Uma obrigação de 2019, que paga 5% de juros, é menos atrativa do que uma obrigação de 2023 a pagar 12%, é obvio! Além disso, os bancos emissores de divida AT1, poderão não ter tanta vontade de voltar a comprar essa divida no final do prazo (geralmente 5 anos), já que não se encontram obrigados a faze-lo. A divida AT1 é perpetua não havendo obrigação de reembolso antecipado. Poderá abalar a confiança do mercado na instituição, mas financeiramente será o mais correto.
Sabendo, que já há relatos de 186 bancos nos Estados Unidos que poderão estar em dificuldades, e com as recentes noticias sobre a banca europeia, será que vai demorar muito a termos uma nova crise financeira mundial?
Os investidores estão a fugir das obrigações dos bancos e a procurar refugio em ativos, seguros como o ouro, porque sabem que as normas de bail-out na União Europeia, são bastante explicitas. O banco em dificuldades deve se salvar com capitais próprios. Primeiro o dos grandes investidores, e em ultimo o dos depósitos. Só se não houver solução podem os contribuintes ser chamados a pagar a resolução do banco.
Não vai ser difícil, por isso, que os depósitos nos bancos possam ser congelados até a estabilização. O seu dinheiro vai continuar a ser seu, e vai estar garantido pelo fundo de depósitos, mas ficará seriamente limitado na sua capacidade de aceder ao mesmo.
Por este andar, o melhor mesmo é guardar o dinheiro debaixo do colchão!