Uma Guerra Económica

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As recentes incursões chinesas e provocações a Taiwan, mais do que reforçarem a politica de uma China, podem na realidade ser manobras de diversão dos problemas económicos do pais.

Foi uma noticia que causou grande abalo, junto dos investidores no ano passado. O fato de que a maior construtora chinesa a Evergrande, estaria a lutar com dificuldades económicas e estaria assim a entrar em processo de “default”. A Evergrande continua a ser a construtora mais endividada do mundo e encontra-se agora, em negociações com os credores para restruturar a sua divida. Segundo analises feitas no ano passado, era antecipado, que os bancos chineses poderiam incorrer em perdas de 350 mil milhões de dólares (cerca de 385 mil milhões de euros) dada a sua forte exposição ao setor imobiliário. As autoridades chinesas tem desvalorizado esta crise, e aparentemente, a Evergrande estará agora a finalizar as negociações com os credores, cerca de um ano depois de ter falhado o pagamento das sua obrigações cotadas em dólares aos investidores estrangeiros.

A vasta indústria imobiliária da China está a recuperar da crise deflagrada por controles mais rígidos de endividamento, afirmou um dos vice-presidentes do banco central chinês (PBoC), Pan Gongsheng recentemente.

Pan mencionou a Evergrande, a incorporadora chinesa mais endividada, mas não fez qualquer atualização sobre os esforços supervisionados pelo governo para reestruturar 2,1 trilhões de yuans ( 335 mil milhões de euros) em dívidas bancárias e ligadas a emissões de bônus da empresa.

“O mercado está a recuperar a confiança. A atividade de transações no mercado imobiliário aumentou”, segundo Pan. “O ambiente de financiamento, em especial para empreendimentos de alta qualidade, melhorou significativamente.”

Ele, no entanto, não deu qualquer indicação de que Pequim esteja a planear mudanças significativas em seus mecanismos de controlo da dívida, conhecidos como “três linhas vermelhas”.

É no entanto, de salientar que as incursões e as provocações a Taiwan aumentaram, desde o inicio da crise económica chinesa. A China sabe, que Taiwan têm uma posição estratégica para as suas frotas navais e é de importância extrema para garantir o livre acesso da frota naval chinesa ao Pacifico, mas a verdade, é que também perto de Taiwan passa uma parte significativa do comércio marítimo da China.

A ilha é também uma forte potência económica, sendo o 12º maior produtor de aço a nível mundial.

A possível continuação da crise imobiliária na China e as perdas que os investidores, tanto domésticos como internacionais vão ter, poderão ser um fator de embaraço para as autoridades chinesas e também um foco de instabilidade no período pós-covid.

A ditadura chinesa, tem já há largos anos usado a prosperidade económica, como forma de promover a satisfação da população e impedir os protestos contra o regime.

A China comunista poderá assim, ver em Taiwan, não só uma forma de finalmente reunificar o pais, mas também uma forma de “desviar as atenções” para o fraco crescimento económico dos últimos anos e para a instabilidade do setor económico, devido às restruturações de divida de construtoras como a Evergrande, que farão os investidores sofrer perdas de entre 60 a 70% do seu investimento.

Com a expectável conclusão das negociações de restruturação, muitos investidores grandes e pequenos terão assim perdas acentuadas, o que de certa forma, criará mais instabilidade no pais comunista. Com os Estados Unidos, agora a braços com a sua própria crise de divida, e sem haver, até ao momento qualquer compromisso para aumentar o teto da mesma, um possível “default” americano causaria ondas de choque por todo o globo, que apenas exacerbariam os problema da segunda maior economia do mundo.

A Guerra da Ucrânia, será, neste momento um dos fatores, a que a China estará atenta, para tomar a sua decisão final. Se a Rússia perder, poderá colocar em xeque os planos chineses, se ela ganhar poderá acelera-los.

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