Espanha Pode Cortar Energia a Portugal? Sim! É legal.

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Portugal encontra-se numa encruzilhada crítica em termos de segurança energética, conforme destacado por Ana Estanqueiro, investigadora do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), no podcast Futuro do Futuro, do jornal Expresso.

A contínua dependência de Portugal das importações de energia de Espanha, agravada pela semelhança climática entre os dois países, apresenta um sério risco para a estabilidade energética nacional.

A vulnerabilidade é evidente no fato de que ambos os países compartilham padrões climáticos semelhantes, o que significa que estão sujeitos a flutuações simultâneas na produção de energia solar e eólica. Segundo Estanqueiro, se Espanha enfrentar condições climáticas adversas e não puder gerar eletricidade suficiente para exportar a Portugal, o suprimento energético nacional fica comprometido. A investigadora destaca que, legalmente, Espanha pode interromper o fornecimento a Portugal, priorizando suas necessidades internas, o que, dentro do quadro comunitário, é considerado perfeitamente legal.

O encerramento progressivo das centrais elétricas a carvão em Portugal tem impulsionado o aumento das importações de eletricidade de Espanha.

Esta mudança estratégica suscita preocupações sobre a segurança energética, evidenciando a necessidade de repensar a dependência externa.

Ao recordar a decisão de Portugal de adotar energia renovável nas décadas de 80 e 90, excluindo a opção nuclear, Estanqueiro destaca a incompatibilidade entre as centrais nucleares e as energias renováveis na rede elétrica. A constante produção das centrais nucleares contrasta com a variabilidade das energias renováveis, criando desafios técnicos significativos para a integração eficiente na rede elétrica nacional.

A capacidade de consumo da rede elétrica nacional é de aproximadamente 10 gigawatts, e a produção constante das centrais nucleares pode impactar a flexibilidade necessária para lidar com a variabilidade das energias renováveis. Estanqueiro sugere que as energias renováveis, apesar da variabilidade, estão destinadas a remodelar o paradigma energético, influenciando os hábitos de consumo de eletricidade e incentivando a flexibilidade por parte dos consumidores.

Outro ponto de tensão emerge na disputa pela água entre Portugal e Espanha.

As ondas de calor e a seca extrema enfrentadas por Espanha no último ano levaram algumas cidades a implementar cortes de água, afetando particularmente os agricultores. Organizações agrícolas de Huelva exigiram medidas urgentes e solicitaram a transferência de água da barragem do Alqueva, em Portugal, com base no Convénio de Albufeira, assinado há 25 anos para regular o uso compartilhado de água nos rios.

Ambientalistas portugueses, por sua vez, acusaram Espanha de tentar secar os grandes rios de Portugal, alegando uma violação do tratado de Albufeira. Este impasse destaca a importância crítica da gestão compartilhada dos recursos hídricos para evitar conflitos e garantir a sustentabilidade ambiental.

Em suma, Portugal enfrenta um desafio multifacetado que envolve tanto a segurança energética quanto a gestão cuidadosa dos recursos hídricos compartilhados. É imperativo que o país busque soluções internas e explore alternativas estratégicas para reduzir sua dependência externa e garantir a resiliência diante das incertezas climáticas e geopolíticas.

Leia a notícia original do Expresso aqui.

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