Briáxis F. Mendes (孟必思), CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons
Numa recente entrevista à Fox News, Donald Trump expressou preocupações sobre o impacto global caso a China venha a tomar o controlo de Taiwan. Segundo o ex-presidente, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC) poderia desencadear uma crise mundial se fosse impedida de produzir. Considerada a empresa mais importante do mundo por muitos, a TSMC é responsável por cerca de 90% dos chips mais avançados globalmente.
A TSMC tornou-se o epicentro das discussões geopolíticas e económicas, sendo mencionada em qualquer conversa sobre o futuro tecnológico. A empresa, sediada em Hsinchu, desempenha um papel vital na produção de chips, cruciais para dispositivos como telemóveis, carros e equipamentos médicos. O seu presidente, Mark Liu, destaca a importância da TSMC, enquanto Warren Buffett, embora tenha vendido a sua participação, reconhece a sua relevância global.
Contudo, a localização da TSMC em Taiwan, uma região potencialmente sujeita a conflitos, gera preocupações sobre a segurança da cadeia de abastecimento. O medo de uma possível invasão chinesa levanta questões sobre a vulnerabilidade da empresa e o seu papel enquanto peça-chave na economia mundial.
Apesar das preocupações, especialistas argumentam que a TSMC, com fábricas altamente especializadas e redes internacionais, seria de difícil aproveitamento para a China, mesmo em caso de invasão. No entanto, existe o risco de ciberataques à rede elétrica taiwanesa, uma vez que a TSMC consome uma parte significativa da eletricidade do país.
A dependência global dos chips produzidos pela TSMC destaca a necessidade de diversificar a produção. Os Estados Unidos, cientes dessa vulnerabilidade, investem milhares de milhões de dólares na produção nacional de chips. Contudo, reproduzir o ecossistema taiwanês revela-se um desafio, com obstáculos como burocracia e custos elevados a complicarem os progressos.
A experiência da TSMC ao tentar estabelecer fábricas nos Estados Unidos no passado destaca as dificuldades enfrentadas, levantando questões sobre a eficácia dos esforços americanos para reduzir a dependência externa.
Morris Chang, fundador da TSMC, expressa ceticismo sobre a estratégia americana, indicando que os custos de produção nos EUA são significativamente mais altos. A complexidade do ecossistema taiwanês, desde a construção de fábricas até às empresas de limpeza, é difícil de replicar nos Estados Unidos.
Apesar das incertezas e desafios, a melhor abordagem para garantir a produção de chips pode ser a prevenção de conflitos no Estreito de Taiwan. A instabilidade na região poderia ter impactos devastadores na economia global, afetando tanto a China quanto os Estados Unidos.
Num contexto em que a TSMC é vista como uma peça central na complexa rede global de tecnologia, as nações devem procurar soluções cooperativas para garantir a estabilidade e a continuidade da produção de chips avançados. A busca por alternativas à dependência excessiva de uma única empresa e região é crucial para o futuro da indústria tecnológica e para evitar possíveis crises globais.
Artigo Originalmente publicado no DN.